Fronteiras Livres, Cidadãos Presos?” — Daniel Chapo fala em liberdade econômica no Malawi, mas é acusado de fechar portas dentro de Moçambique
Lilongwe, Malawi — O Presidente moçambicano Daniel Francisco Chapo discursou no Malawi com entusiasmo contagiante, prometendo o fim das barreiras entre os dois países e defendendo uma “fronteira de paragem única” para impulsionar o comércio e a integração regional.
Mas enquanto Chapo fala de abrir fronteiras, críticos dizem que dentro de Moçambique as portas continuam trancadas — sobretudo as da liberdade política.
> “Não precisamos de parar. Precisamos de trabalhar. Precisamos de produzir. As barreiras devem cair”,
— declarou Chapo, sob aplausos em Lilongwe.
A frase, poderosa e otimista, ecoou como um manifesto económico de nova geração, mas também levantou perguntas incômodas:
👉 Se Chapo quer remover barreiras comerciais, por que ainda existem tantas barreiras democráticas em casa?
---
💰 O discurso do “livre comércio” e o silêncio sobre o “livre pensamento”
Durante o encontro com o presidente malawiano Lazarus Chakwera, Chapo defendeu mais investimento privado, mobilidade e cooperação regional. Falou de “irmandade africana” e prometeu transformar a fronteira entre Moçambique e Malawi num “símbolo de prosperidade e não de controlo”.
Entretanto, opositores moçambicanos apontam que a “liberdade” que Chapo exalta fora do país não se reflete dentro das fronteiras nacionais:
Jornalistas e ativistas ainda enfrentam restrições severas;
Movimentos políticos alternativos continuam sob vigilância constante;
E a recente tensão pós-eleitoral deixou o país dividido entre esperança e desconfiança.
> “Fala de fronteiras abertas, mas fecha os microfones que o criticam”, ironizou um analista político ouvido sob anonimato em Maputo.
---
🌍 Chapo vende uma nova imagem, mas a política interna não compra
A viagem ao Malawi surge como parte da estratégia de rebranding internacional de Daniel Chapo — o novo rosto da FRELIMO que tenta apresentar-se como pragmático, moderno e reformista.
O discurso em Lilongwe foi calculado: cheio de apelos à integração, eficiência e atração de investimentos.
Mas muitos observadores veem nisso um contraste entre forma e conteúdo:
> “Externamente, Chapo soa liberal e progressista. Internamente, governa sob o mesmo manual de controle e opacidade”, comentou o politólogo Silvestre Nhampossa.
Comentários
Enviar um comentário