CABO DELGADO: QUANDO O “TERRORISMO” É UMA QUESTÃO DE DICIONÁRIO… E DE INTERESSES
No mais recente episódio de um PodCast conduzido por Hilário Chacate, o analista Borges Nhamirre lançou uma bomba — não de pólvora, mas de palavras: em Cabo Delgado não há terrorismo, há insurgência.
Segundo ele, o uso da palavra “terrorismo” é um golpe de marketing político do Estado para ganhar simpatia e fundos internacionais. Afinal, se o problema for “interno”, ninguém manda ajuda nem tropas. É como chamar “reforma” a um aumento de impostos — tudo depende do rótulo.
Nhamirre foi claro:
Metade das mais de 6 mil mortes são de civis — e parte disso vem das próprias Forças Armadas, acusadas de matar pescadores como se fossem tubarões perigosos.
O grupo insurgente tem um caderno reivindicativo (sim, não é só machete e AK-47, também há pautas escritas). O alvo deles? Militares e ex-combatentes. Civis só entram na lista quando traem a causa.
Apoio popular? Sim, e isso é o ingrediente perfeito para que o fogo se espalhe para mais províncias.
Enquanto na Tanzânia a insurgência foi esmagada, em Moçambique o conflito arrasta-se como novela de temporada infinita. A solução, diz Nhamirre, não virá das armas nem de conselheiros estrangeiros: está na própria casa, com professores e líderes locais capazes de negociar, porque — surpresa! — os insurgentes são 100% moçambicanos, apenas inspirados por ideologias jihadistas.
Moral da história: quando se troca “insurreição” por “terrorismo”, não se muda o inimigo só o orçamento.
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